23 de fevereiro de 2012

Vamos compartilhar para podermos continuar com nossos games!


A ACIGAMES, Associação Comercial, Industrial e Cultural de Games, vem manifestar-se publicamente a respeito da tramitação e votação do projeto de Lei 170/06, de autoria do senador Valdir Raupp.

A proposta do ilustre senador, que vem tramitando no Senado Federal há vários anos, pretende tipificar como crime os atos de “fabricar, importar, distribuir, manter em depósito ou comercializar jogos de videogames ofensivos aos costumes, às tradições, cultos, credos, religiões e símbolos”, com base no artigo 20 da lei 7.716/89, que classifica como crimes passíveis de punição atitudes relacionadas a preconceito de raça ou cor.

Ainda que a proposta tenha a intenção louvável de proteger grupos étnicos, religiosos e outros, da qual trata a referida Lei, a ACIGAMES entende que o projeto acabe por se realizar de forma falsamente moralizadora sem atingir os educativos pretensamente desejados.
A ausência de conceitos fundamentados que possam embasar a ideia, a falta de definições claras para terminologias intangíveis como “ofensivo”, “tradições” ou “cultos” e a não realização de um amplo debate com a sociedade civil, demonstram a incongruência da premissa e a falta de intimidade do referido projeto com as novas formas de interação e entretenimento digital.
A ACIGAMES não é complacente com delitos e, especialmente, com preconceitos de qualquer espécie.

No entanto, cumpre afirmar que não é possível admitir um precedente penal onde praticamente quaisquer de expressões presentes em um jogo eletrônico podem se encaixar em princípios abstratos como “costumes” e “símbolos”, entre outros, violando o elementar princípio da taxatividade, consagrado em nosso Direito Penal.

Ainda, impõe o modelo de projeto verdadeira censura aos jogo eletrônicos, um produto de cunho cultural reconhecido pelo Estado Brasileiro. Como produto cultural, não cabe à lei restringir a forma como este recurso é expresso, mas orientar o adequado consumo da referida produção, para obtenção de uma experiência salutar e prazerosa. Tal orientação, sob a forma de Lei, constitui verdadeira violação à liberdade de expressão Constitucionalmente protegida.
Para estabelecer os parâmetros necessários ao consumo apropriado dos bens culturais, a população já se serve da Classificação Indicativa do Ministério da Justiça, que cumpre com eficácia este papel educativo.

Paralelamente, os representantes do Senado parecem não considerar o impacto econômico fatalmente decorrente desta iniciativa e o crescimento exponencial incalculável do mercado negro, hoje já expressivo no meio, em virtude da facilidade de distribuição informal e do anseio popular pelo acesso a conteúdos que serão considerados “proibidos” a partir da vigência da lei como se propõe.

A ACIGAMES posiciona-se contrária às intenções do projeto de lei sobretudo por entender que a proposta sobrepõe-se inadequadamente à liberdade de expressão, constitucionalmente estabelecida, ao livre comércio e à já observada Classificação Indicativa, recurso aplicável à comercialização formal dentro dos parâmetros legais ora vigentes, mas certamente incapaz de atuar com eficácia contra o mercado paralelo e as novas formas de distribuição digital.
A Diretoria

3 comentários:

  1. Porque vocês não fazem uma petição pública neste site? http://www.peticaopublica.com.br/

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  2. Em São Paulo vai haver uma grande exposição de jogos (a Game World 2012) com a participação do ilustrador Yoshitaka Amano (série Final Fantasy), apoio da Fundação Japão e patrocínio de empresas como Carrefour e Saraiva. É claro q o interesse maior é o das empresas ligadas ao ramo dos video games e, justamente por este motivo, seria uma boa forma de divulgar e elaborar alguma ação formal contra a Lei que entrou em vigor. O evento pode ser utilizado para discutir a interferência deste tipo de Lei contra a liberdade de criação de um determinado jogo.

    T.H.

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  3. Tenho 35 anos e gosto de jogos de diversos tipos, é um absurdo o que este senador quer fazer, mesmo porque estará prejudicando muitos empregos, como programadores de games, testadores de games e inclusive os próprios gamers.
    Isso para mim está cheirando uma ditadura digital, onde vc não terá mais o direito de escolher o tipo de que jogo que poderá jogar e sim o que esses malditos políticos acharem correto.
    Tem tantas coisas para serem resolvidas neste pais, e este idiota deste senador querendo tirar a liberdade de entreterimento das pessoas, já não chega essas leis anti-pirataria (SOPA, PIPA e ACTA) que estão enchendo o saco e agora mais essa. Não sei onde vamos parar!

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